O “processo simbiótico” entre análise e performance e a interlocução entre performer e teórico no estudo da Allemande da Partita n. 5, BWV 829, em Sol Maior para teclas, de J. S. Bach

Autores

  • Renata Coutinho de Barros Correia Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.52930/mt.v7i2.203

Resumo

Este artigo oferece contribuição aos estudos em Análise e Performance Musical, evidenciando o potencial da ferramenta de análise schenkeriana na abordagem de questões performáticas. Embasado na proposta de Swinkin (2016), ilustra o emprego da ferramenta analítica de Schenker na produção de metáforas expressivas, bem como a contribuição mútua entre a análise e a performance musical. Responde aos desafios lançados por diferentes especialistas nos estudos em Análise e Performance: a valorização das propostas de modelagem adotadas por performers (gravações), bem como a possibilidade de contribuição mútua entre teórico e performer (Schmalfeldt 1985; Lester 1995; Swinkin 2016). Tem como objeto de estudo a Allemande da Partita n. 5, de J. S. Bach, BWV 829 em Sol Maior (1731), selecionada em função de seus desafios interpretativos. A análise de vozes condutoras é considerada num contexto analítico abrangente, sendo complementada pela observação de eventos métricos e a análise de elementos expressivos advindos de gravações (dinâmica, agrupamentos e agógica). Esta é apoiada no emprego do software Sonic Visualiser. A partir deste software, e com base em gravações de pianistas renomados (András Schiff, Murray Perahia e Claudio Arrau), são oferecidos gráficos das oscilações de dinâmica e representativos da agógica. Tais aspectos são tratados em sua interação com as vozes condutoras, servindo como uma importante base à representação analítica da estrutura musical. Buscamos neste artigo retratar uma possibilidade de “processo simbiótico” entre as atividades da análise e da performance, contribuindo assim para um redimensionamento dos papéis do performer e da análise musical. Os resultados mostram como noções advindas da teoria schenkeriana e a inclusão das ambiguidades interpretativas – de ordem estrutural e expressiva (diferenças interpretativas entre os performers) – tendem a contribuir ao enriquecimento do processo interpretativo do performer.

Biografia do Autor

Renata Coutinho de Barros Correia, Universidade de São Paulo

Renata Coutinho de Barros Correia (renatacoutinhobarros@gmail.com) é doutora em Musicologia (Área de concentração: Teoria e Análise Musical) e mestra em Artes (Musicologia) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Sob a supervisão da professora Dra. Adriana Lopes da Cunha Moreira (USP/ECA) e do professor Dr. Jeffrey Swinkin (Universidade de Oklahoma/Norman) desenvolveu a tese intitulada “Análise e performance musical: perspectivas de pesquisa, influências mútuas e abordagem crítica”, que trata sobre o desenvolvimento do domínio de estudos da análise e performance musical, apresentando estudo baseado na interlocução entre performer e teórico schenkeriano. Tem colaborado com publicações em eventos científicos com temas relacionados à análise musical, produção acadêmica em performance musical/práticas interpretativas e estudos em análise e performance musical. Tem se dedicado à apresentação de palestras, atividade docente e atuação como pianista colaboradora. É integrante do grupo de pesquisa TRAMA (Teoria e Análise Musical), que conta com a colaboração de pesquisadores da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2023-03-01

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Artigos