Reflexões sobre a Identidade Nacional nos Choros para Piano Solo de Radamés Gnattali

Autores

  • Raísa Farias Silveira Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
  • Guilherme Sauerbronn de Barros Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

DOI:

https://doi.org/10.52930/mt.v2i1.39

Resumo

A temática nacional é frequentemente abordada nos trabalhos sobre Radamés e sua obra, porém costumam referir-se isoladamente a materiais musicais oriundos de estilos/gêneros reconhecidos como portadores de brasilidade. Neste artigo a discussão se apoia nas análises literárias realizadas pelo crítico Roberto Schwarz sobre a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas (1880-1881), nas quais o crítico encontra uma relação mimética entre a estrutura narrativa do romance e o comportamento característico das classes dominantes do Segundo Reinado – o qual se projeta à frente no tempo a ponto de se tornar característica constituinte de uma identidade percebida como brasileira –. Esta descrição faz referência a uma identidade nacional que reconhecemos como mediatória, alternativa aos conceitos correntes de nacionalismo romântico e nacionalismo modernista. Analogamente, encontramos na poética de Radamés tratamento semelhante conferido ao material musical, relação da qual se ocupa este artigo e que será discutida com apoio na análise do choro Manhosamente, composto na década de 1940.

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Publicado

2018-01-10

Edição

Seção

Artigos